sábado, 7 de fevereiro de 2009

O MENDIGO

Abri displicente a porta
Para aquele andarilho estranho
Que mostrava-me ser um mendigo
De um imenso cabelo castanho

E olhando triste abatido
Me pediu saciar sua fome
No entanto antes de ajuda-lo
Perguntei curioso seu nome

Então com meigo sorriso
Em resposta o mendigo me diz
O meu nome conservo em oculto
Mas eu sei que tu és infeliz

E dizendo isso começa
Toda minha historia contar
Desvendando segredos guardados
Que a ninguem nunca fiz confessar

Recordando paixões e amarguras
sofrimentos que um dia passei
O vidente relembra meus vicios
E os males que a outros causei

E falando tambem das tormentas
Que acrescentam minha obsessão
O estranho me diz da existencia
De um trauma no meu coração

Finalmente depois de uma prece
Ele fez desfazer meu arraso
Abracei com carinho esse médium
A que a mim não chegou por acaso

E assim ao matar-lhe a fome
O vidente se vai feito em luz
Para não se ocultar o mendigo
Dei a ele o seu nome Jesus

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CANÁRIO DA TERRA

Ouvi um canário cantando
Quanta emoção eu senti
Pois estou longe morando
Muito bem longe daqui

Então na minha saudade
Ficou o cantar varonil
Do canário da terra
Folclore do meu Brasil

CIUMES DE UM CANÁRIO

Na casinha em que morava
Lá no sitio existia
Um canário que cantava
Sempre quando amanhecia

Da varanda eu ouvia
Lá do galho saltitante
Ele todo agitado
Não parava um só instante

Eu achava muito meigo
Seu cantar formoso e belo
Sem falar do seu corpinho
Todo feito de amarelo

Nos momentos de tristeza
De angustia e solidão
O canário la do galho
Me animava o coração

Eu então feliz ficava
Mesmo sem ela comigo
Me deixando o canarinho
Veio ser meu grande amigo

Mas um dia muito bela
Pra casinha ela voltou
E assim de alegria
Minha vida ela enfeitou

Nossa sala toda em flores
Parecia um jardim
O teu corpo e os seus abraços
Tudo dela era pra mim

E do galho lá olhando
Nós vivendo só de amor
De ciumes foi embora
Meu canário cantador

INDIGNAÇÃO

Minha casa é um barraco
que eu fiz com muito amor
Pra viver amedrontado
Mesmo ao ser trabalhador

E vivendo na favela
Sou mais um sem endereço
Porque não a segurança
Qualquer lei eu obedeço

NA FAVELA É ASSIM

Morando aqui na favela
Neste circuito fechado
Estou com minha família
Exposto a máfia humilhado

Eu posso ver o que for
Por medo digo não vi
Se falo tudo que vejo
Com certeza morri

Assim é a lei na favela
Dizem que morto não fala
A toda boca aberta
Em vez de feijão entra bala

Embora jamais eu concorde
Não quero me expor ao perigo
Quem vive na insegurança
Do medo se torna amigo

E a quem quer viver numa boa
Jamais lhe provoque seu fim
Fique quietinho na sua
Aqui na favela é assim

Portanto vivendo humilhado
Ao lado de todos os meus
Me faço as vezes de cego
Abrindo os olhos a Deus

POETA ESQUECIDO

Sou poeta esquecido
Do radio e televisão
Transmito as minhas mensagens
Pelas ondas do seu coração

E assim compondo meus versos
Compartilho da dor e da fé
Contando todas as verdades
Da vida como ela é